Para compreendermos bem a participação dos processos de assimilação e acomodação dentro do processo de aprendizagem é preciso entender que eles fazem parte de uma estrutura denominada esquema cognitivo. O que seria um esquema cognitivo? São comumente associados à figura de um arquivo cheio de pastas onde se guardam informações. Segundo WADSWORTH (1996), esquemas são como se fossem estruturas mentais, ou cognitivas, pelas quais os indivíduos intelectualmente se adaptam e organizam o meio, não podendo ser observados, mas fazendo parte de um conjunto de processos do sistema nervoso. Já para PULASKI (1986) além de ser uma estrutura cognitiva os esquemas seriam um padrão de comportamento ou pensamento que surgem como algo simples e primitivo e que vai se integrando a um todo maior e mais complexo.
Dessa forma podemos entender que esquemas cognitivos são estruturas mentais que tem a função de processar as informações (estímulos) que chegam ao indivíduo para que o mesmo possa utilizá-las podendo tanto diferenciar como generalizá-las. E também pode ser entendido que os esquemas não são fixos estando em permanente mutação. Compreendido o que são esquemas cognitivos podemos partir para compreender o que são os processos de assimilação e acomodação.
Os processos de assimilação e acomodação.
Como vimos os esquemas são mutáveis ou sofrem processos de “aperfeiçoamento” e os responsáveis por essas modificações são os processos de adaptação chamados assimilação e acomodação.
A assimilação é o processo cognitivo pelo qual uma pessoa integra (classifica) um novo dado perceptual, motor ou conceitual às estruturas cognitivas prévias (WADSWORTH, 1996). Sempre que temos contato com novas informações e situações nossas estruturas cognitivas tentam assimilar esse estímulo aos esquemas já existentes por similaridades, eis aqui o frequentemente citado exemplo da situação de contato de uma criança com um cachorro, um cavalo e uma vaca. A criança que, por exemplo, é apresentada ao estímulo cavalo ou vaca após ter sido apresentada a um cachorro inicialmente, por suas estruturas mentais buscarem similaridades, perceberá apenas as características semelhantes e possivelmente chamará tanto o cavalo como a vaca de cachorro. A criança em dado momento devido a algum novo estímulo sentirá necessidade de fazer uma nova classificação e passará a fazer refinamento modificando esquemas cognitivos já existentes ou criando novos esquemas caso sinta a necessidade e é nesse momento que ocorre a acomodação.
A acomodação seria o ato de criação ou modificação de um esquema para dar conta de um novo estímulo que não se insere ou classifica nos esquemas já existentes. Por exemplo, na situação citada anteriormente do cachorro, cavalo e vaca. No momento em que a criança é apresentada ao cavalo ou a vaca e pelas similaridades chama esses animais de cachorro se um adulto fizer uma intervenção destacando as diferenças, já que a criança só percebe as semelhanças, pode ser que num primeiro momento ela insista que é todos – cachorro, cavalo e vaca – são cachorros, contudo à medida que o adulto e outras crianças mais experientes vão fazendo intervenções (estímulos externos) chegará o momento que essa criança perceberá as diferenças, além das similaridades, e modificará ou criará um novo esquema para poder assimilar esse estímulo de forma adequada ocorrendo a acomodação.
Tanto a assimilação quanto a acomodação promovem mudanças nos esquemas cognitivos, contudo há diferenças nessas mudanças, visto o que diz WADSWORTH (1996, p. 7) "A acomodação explica o desenvolvimento (uma mudança qualitativa), e a assimilação explica o crescimento (uma mudança quantitativa); juntos eles explicam a adaptação intelectual e o desenvolvimento das estruturas cognitivas."
Imaginemos um indivíduo que apenas assimilasse ou só acomodasse estímulos. No caso do que apenas assimilasse existiria um sujeito como poucos esquemas cognitivos que generalizaria muito e não conseguiria fazer diferenciações/ distinção das coisas, enquanto que no caso do que só acomodasse teríamos um sujeito com muitos esquemas devido às muitas diferenciações realizadas e que não seria capaz de generalizar estímulos.
Por isso é necessário que haja o momento da equilibração entre assimilação e acomodação para que o sujeito aprenda e possa intelectualmente adaptar e organizar o meio.
Como ocorre a assimilação e a acomodação no processo de aprendizagem.
Basicamente o processo de adaptação – assimilação/equilibração ou assimilação/desequilibração/acomodação/equilibração – ocorre das seguintes possíveis maneiras:
1º Situação:
2ª Situação:
Recebimento do estímulo/ assimilação não satisfatória / Processo de acomodação (modificação ou criação de novo esquema)/ Equilibração.
Em outras palavras, O indivíduo recebe um novo estímulo. Após o recebimento o indivíduo tenta inserir esse novo estímulo ou classificá-lo a partir de algum esquema já existente (Assimilação). Caso o novo estímulo possa se encaixar em algum dos esquemas existentes o sujeito se dá por satisfeito até que haja um novo desequilíbrio /provocação que o faça sentir a necessidade de uma nova revisão de seus esquemas refinando-os (percebendo as diferenças que não permitem que o novo estímulo permaneça num esquema que não satisfaça todas as características do mesmo).
Caso o novo estímulo não se enquadre em esquema algum o sujeito se verá obrigado a criar um novo esquema ou modificar um já existente para satisfazer seu processo de aprendizagem (acomodação) sendo gerada assim a equilibração.
Dessa forma fica exposto o que compreende o processo de adaptação intelectual dos indivíduos a partir dos processos de assimilação e acomodação dentro do processo de aprendizagem.
Fontes:
· http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1415-69542006000100005&script=sci_arttext Acesso em 18/09/2011 às 10h06.
Acesso em 18/09/2011 às 10h10
· http://penta.ufrgs.br/~marcia/teopiag.htm Acesso em 18/09/2011 às 10h15
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