Afetividade, cognição dupla essencial
para aprendizagem.
Ainoan de Oliveira Rocha de Paula
“O educador não
pode ser aquele que fala horas a fio a seus alunos, mas aquele que estabelece
uma relação um diálogo íntimo com ele, bem como uma afetividade que busca
mobilizar sua energia interna. É aquele que acredita que o aluno tem essa
capacidade de gerar idéias e colocá-las ao serviço de sua própria vida.”
(Cláudio J. P. Saltini)
Por muitos anos
paira no ar dos envolvidos com a educação uma pergunta que para muitos, até
pouco tempo atrás, estava sem resposta; como se aprende e o que nos leva a
aprender? Durante muitas décadas vem-se
estudando o que faz com que cada indivíduo tenha interesse pelos conteúdos e o
quê ou quais mecanismos cognitivos permitem que se aprenda.
No decorrer dessas
investigações no intuito de responder a essas indagações muito se falou (e
ainda se fala) nas funções cognitivas, na inteligência, em QI, etc. Contudo já
há algumas décadas que um aspecto, uma dimensão que compõe o processo de
aprendizagem e que não era levada em consideração vem sendo investigada.
Durante essas investigações vem ficando claro cada vez mais que não se pode
falar de aprendizagem sem falar na emoção, nos sentimentos, na afetividade.
Ao falarmos da
inteligência e da aprendizagem, precisamos nos referir também, e sempre, à
emoção, às ligações e às inter-relações afetivas. Seria impossível entender o
desenvolvimento da inteligência sem um desenvolvimento integrado e convergente
cada vez maior de nossos interesses e amores por aquilo que olhamos, tocamos e
que nos alimenta a curiosidade. (SALTINI, 2008, p. 57)
Somos seres tanto
cognitivos quanto afetivos, não podemos separar esses aspectos de nossa
natureza humana. Por muito tempo imperou a visão cartesiana que tentou separar
a razão da emoção nos indivíduos, afinal que nunca ouviu a expressão “não se
deixe levar pelas emoções”, como se as emoções apenas estivessem envolvidas com
as ações negativas, agressivas, etc.
As pesquisas têm
trazido à tona que é cada vez mais necessário que os educadores procurarem
conhecer e ouvir os educandos em sua totalidade, em todas as dimensões que
compõem o ser – dimensão cognitiva, social, biofísica, afetiva, psicológica. E
a melhor forma do educador conhecer o educando é se relacionando com ele, pois
a aprendizagem se dá por intermédio das relações interpessoais professor-aluno,
aluno-aluno, professor-turma, etc. E apenas se relacionando com os alunos é que
o educador poderá compreender como é essencial a relação cognição e afetividade
para o processo ensino-aprendizagem ocorrer da melhor forma possível.
Para saber mais:
Livros indicados:
Afetividade e Inteligência, Cláudio J. P.
Saltini, Wak Editora, Rio de Janeiro, 2008;
Henri Wallon.
Psicologia e Educação, Abigail Alvarenga Mahoney e Laurinda Ramalho de Almeida
(orgs.), Edições Loyola, São Paulo, 2009;
Afetividade e
aprendizagem: contribuições de Henri Wallon. Abigail Alvarenga Mahoney e
Laurinda Ramalho de Almeida (orgs.), Edições Loyola, São Paulo, 2009.
Afetividade na
escola: alternativas teóricas e práticas, Valéria Amorim Arantes (org.), Summus
editorial, São Paulo, 2003.
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